No último domingo, 15, o grupo extremista Talibã voltou ao poder no Afeganistão depois de 20 anos, levando a população a uma desesperada fuga no aeroporto de Cabul. Em entrevista ao site Hollywood Reporter, a cineasta Shahrbanoo Sadat, vencedora do Festival de Cannes em 2016, descreveu a situação como um pesadelo e disse não saber se irá ou não conseguir deixar o país. “Se eu sobreviver a isso e tiver a chance de fazer filmes novamente, meu cinema terá mudado para sempre”, relatou a diretora, que deseja retratar nas telas o que viu nos últimos dias.
“Eu sinto que sou uma observadora. Estou vendo injustiças e coisas horríveis e eu preciso gravar isso no meu corpo para ter essa lembrança e depois colocá-la em filmes para compartilhar com o mundo. Se eu sobreviver, farei filmes sobre o que aconteceu”, disse. Premiada em Cannes pelo seu filme de estreia, Wolf and Sheep, Sadat teve a oportunidade de deixar o país no sábado, um dia antes do grupo terrorista tomar a capital Cabul, mas assim como muitos, duvidava que o Talibã avançaria tão rapidamente. “Quando se vive no Afeganistão, seus ouvidos se acostumam a ouvir que o Talibã está a caminho. Você não identifica mais o perigo real, porque ouve essa frase o tempo todo,” explicou ela, que resolveu esperar até que a família também pudesse partir. Não deu tempo.
No domingo, 15, depois que o então presidente Ashraf Ghani deixou o país, os rebeldes invadiram a cidade e tomaram o palácio presidencial, levando a uma enxurrada de pessoas desesperadas tentando deixar a capital. “O posto de controle na entrada do aeroporto está sob domínio do Talibã e há muitos outros no caminho até lá,” relatou à publicação. Para passar pelos bloqueios, a cineasta precisa de uma carta com os detalhes exatos do voo e a confirmação de que todas as pessoas com quem está viajando têm assentos assegurados, mas o caos que se instaurou na região faz com que as companhias aéreas não consigam fornecer nenhuma dessas informações. “Estamos apenas esperando por isso”, explica ela, que não tem destino definido. “No momento, o mais importante é chegar até o aeroporto e sair daqui.”
Fonte: Veja

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